sábado, 21 de setembro de 2013

Mais um prefeito mineiro cassado

Compra de votos afasta prefeito de Itaú de Minas
Transcrições estão em processo que cassou mandatos de prefeito e vice.
Norival Lima teria trocado cestas básicas por votos em campanha de 2012
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O presidente da Câmara de Vereadores, Nélio dos Reis Amorim, assumiu a Prefeitura de Itaú de Minas (MG) durante uma sessão solene em 20 de setembro, na câmara. Ele ocupa o lugar de Norival Francisco de Lima (DEM). Ele e o vice-prefeito, Nísio Antônio de Lima (PSDB) tiveram os mandatos cassados depois que a Justiça Eleitoral apontou a compra de votos na eleição municipal do ano passado. Trechos de escutas telefônicas mostram o prefeito trocando compras de supermercado por votos. Um policial militar também estaria envolvido no esquema.

No processo de cassação, estão transcritas as conversas entre o prefeito e uma funcionária de um supermercado da cidade. Em uma delas, Lima liga para uma funcionária do comércio e pergunta se "a turma dele já apareceu". De acordo com a Justiça, Norival quer saber se algumas pessoas foram buscar cestas básicas doadas por ele. O Ministério Público afirma que ele trocava vale-compras por voto.

Norival Lima: Minha turma já apareceu por aí? Ou não?
Funcionária: Não.
Norival Lima: Ninguém?
Funcionária: Hoje, 'ah', hoje veio, pegou um de ontem, que você me passou.
Em outro trecho, já no final da conversa, o prefeito diz:
Norival Lima: eu acho que nós 'tamo' encerrando, que amanhã eu não vou mexer com esta situação não... Porque acaba sendo muito complicado, essas coisas, 'tá bom'?



O processo aponta ainda que várias pessoas teriam participado da compra de votos, até um cabo da Polícia Militar. Durante as eleições, no dia 7 de outubro, um policial recebe uma denúncia e liga para o candidato.
                               


Cabo PM: 'Ó', seguinte, é o cartório e denunciou o senhor. Recebeu uma denúncia e passou pra nós. Aí eu vou mandar a viatura lá, mas eu queria te avisar 'procê' sair de lá antes.
Norival Lima: Tudo bem, eu 'tô', falou, 'brigado, viu cabo?

Logo depois, Lima informa Oberdan Faria, atual chefe de gabinete, do fato. É ele quem fica responsável por acertar com o cabo da Polícia Militar.
Norival Lima: Aquele 'tempim' que eu fiquei lá na escola, ali eles já chamaram a polícia pra mim, 'né'?
Oberdan Faria: 'Ah' chamaram?
Norival Lima: Chamaram, aí o seguinte, aí o seu amigo, aquele lá da delegacia, o cabo: 'cê' ta aonde? 'To' no Municipal Maria de Lins, então 'vaza' daí que eu mandei ir a viatura atrás de você aí, eles ligaram no cartório, e mandou 'vim' cá, mandou ir aí, aí eu tive que saír 'né', chegou o 'Marquim' [...]
Oberdan Faria: Então 'tá' bom.
Norival Lima: Ok, tchau.
Oberdan Faria: o negócio do cabo, 'cê' pode deixar que eu acerto com ele depois.
Quando questionado sobre a gravação, o chefe de gabinete afirmou que o trecho em que ele se refere a "acertar" com o cabo da PM seria sobre um reconhecimento já prometido para o policial anteriormente. "O cabo sempre fez um bom trabalho aqui na comunidade. Eu tinha me comprometido de oferecer um título pra ele, eu como vereador. Fiquei sabendo logo após que houve essa interceptação telefônica e eu não quis que vinculasse qualquer tipo... eu acho até que o cabo nem sabe que eu ia oferecer", afirmou Faria. 

Abuso de poder político
Além da compra de votos, Norival Lima também responde por abuso de poder político. Antes de se candidatar a prefeito, ele ocupava o cargo de secretário de obras e teria obrigado os funcionários comissionados a fazerem campanha em favor dele. Além disso, ele também responde por captação ilícita de recursos, já que não comprovou a origem da verba utilizada na campanha.

Processo de cassação
O vice-prefeito, que é irmão de Lima, também teve o mandato cassado pelo juiz eleitoral, Ângelo de Almeida, da comarca de Pratápolis (MG). Os dois correm risco de perder os direitos políticos por oito anos. Eles entraram com recurso na Justiça na tarde da sexta-feira (20).

O tenente coronel Ronaldo Resende dos Anjos, comandante do 12º Batalhão de Passos (MG), disse que só vai instaurar um processo administrativo-disciplinar contra o policial depois que receber uma cópia do processo.


O proprietário do supermercado citado no processo, que é também irmão do chefe de gabinete, Oberdan Faria, não foi encontrado para dar um retorno sobre o assunto até a publicação desta reportagem. A funcionária citada no processo conversando com o prefeito também não foi encontrada. A advogada de Norival Lima e Nísio Lima não atendeu a ligação até a publicação desta reportagem e eles também não foram encontrados.

Fonte: EPTV Sul de Minas

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